Quando se fala em investimentos na saúde, abordamos um setor complexo, principalmente se tratando da indústria de insumos farmacêuticos ativos (IFAs). Esta área é estratégica e precede a fabricação do medicamento final, fornecendo os elementos essenciais para que possam ser produzidos pelas farmacêuticas. Para isso, é necessário um conjunto de fatores que envolvem tecnologia, incentivos do poder público, pesquisa e capital humano, ou seja, profissionais capacitados para lidar com a complexidade do processo de produção, como é o caso dos engenheiros químicos, farmacêuticos, químicos, entre outros.
É importante tal debate devido ao anúncio feito pelo Governo Federal sobre a retomada do Grupo Executivo do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Geceis), que terá o intuito de acelerar as iniciativas para a criação do complexo de produção do setor no Brasil. O plano do Governo é que, até 2023, 70% das necessidades do SUS sejam supridas pela produção nacional
A iniciativa visa diminuir drasticamente a realidade atual. Hoje, o Brasil importa 95% dos IFAs de países como China e Índia. Os outros 5% são produzidos em solo nacional e tem grande impacto tanto na rede privada quanto no Sistema Único de Saúde (SUS).
Além de investir em estrutura, tecnologia e incentivos econômicos, direcionar parte destes esforços para a formação e atualização da mão de obra brasileira é uma das abordagens que podem auxiliar neste plano de autonomia industrial na próxima década.
Em dados consolidados com base no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), atualmente existem mais de 80 mil engenheiros químicos no país, atuando nos mais diversos setores. Isso aponta para a dificuldade de encontrar profissionais do setor, principalmente em vagas que exigem mais experiência e atualização.
No entanto, a solução para esse problema pode ter início ainda na universidade. Programas de incentivos à formação e à produção científica podem ser uma possibilidade para futuros profissionais. Alguns passos já foram dados nessa direção: o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) já investiu, R$ 50 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) em centros de desenvolvimento e pesquisa, a fim de aproximar os estudos acadêmicos e a indústria, principalmente para a produção de vacinas. Além disso, há também o reajuste para bolsas de mestrado e doutorado, defasadas há anos. Seja qual for a iniciativa, a educação é fundamental para alcançarmos um setor de saúde produtivo, fortalecido e independente.